A alteração do crescimento dos ossos da face traduz-se geralmente numa anomalia da posição ou do tamanho do maxilar superior e ou da mandíbula em relação ao esqueleto do crânio.
Estas alterações acompanham-se se de problemas ao nível da mastigação , ou perturbação na estética da face que , na prática, constituem os motivos da consulta e procura de tratamento.
Assim, um jovem, a sua família ou o médico assistente, podem notar que , por altura da pré adolescência, se desenvolvem algumas características de desarmonia estética ou dentária , numa face que, até essa altura, era proporcionada e sem alteração oclusal relevante.Muitas vezes , o jovem ou a sua família referem que o queixo ficou mais comprido, ou muito avançado, ou muito recuado, ou até mesmo desviado para um dos lados.
Por vezes, notam que o sorriso mostra demasiado a gengiva , que os dentes anteriores não contactam ou, pelo contrário , que os incisivos superiores tapam completamente os inferiores.
Em alguns casos, a consulta faz-se por problemas de ordem funcional, como o aparecimento de ruídos ou dor nas articulações têmporo-mandibulares, que se assemelham à dor de ouvidos.
Em geral, podemos distinguir as anomalias:
- sagitais, em que um dos maxilares está avançado (prognatismo) , ou recuado (retrognatismo);
![retrognatismo](/images/retrognatismo.jpg)
![prognatismo](/images/prognatismo.jpg)
- verticais, por excesso ou por insuficiência. Nos casos de alteração vertical com excesso de altura, a face é alongada e pode haver mordida aberta e sorriso com grande exposição da gengiva. Nos casos com diminuição da altura maxilar,a face é mais arredondada e pode haver um grande encobrimento dos dentes inferiores pelos superiores;
![mordida aberta](/images/mordida_aberta.jpg)
- transversais, que se podem acompanhar por assimetria facial. De notar que, em muitos casos, existem associadas alterações de dois ou três tipos. Por outro lado, se durante a observação clínica, se torna evidente que outras estruturas da face se apresentam em desarmonia, como o nariz, o mento ou as orelhas, a sua correção deverá ser planeada.
TRATAMENTO ORTODÔNCICO CIRÚRGICO
O planeamento do tratamento cirúrgico das situações descritas consiste num estudo aprofundado e na quantificação dos desvios encontrados em cada caso, de que resulta uma proposta terapêutica. Esta engloba 2 fases distintas:
- a preparação ortodôncica – uso de aparelhos de ortodôncia fixos nos dois maxilares. Tem como objetivo a colocar os dentes nas posições corretas para que se ajustem para a mastigação quando os maxilares forem operados.
- a cirurgia, realizada em um ou nos dois maxilares. É feita sob anestesia geral e por acesso intra oral e tem como objetivo colocá-los na posição corrigida e pré determinada, proporcionando uma função mastigatória correta e estável, uma via aérea ampla (prevenindo futura apneia obstrutiva) e uma proporção facial harmoniosa.
Se, a partir dos 12-13 anos do jovem, os pais começam a notar alguma das alterações descritas, é conveniente consultarem um cirurgião maxilofacial. Desta forma, poderão tomar contacto com o tipo de tratamento mais indicado. Se, na realidade , se tratar de uma alteração esquelética, isto é, uma alteração do crescimento dos ossos maxilares, o simples tratamento de ortodôncia não pode corrigir o problema.
Por esse motivo, se deve programar atempadamente toda a estratégia de tratamento, envolvendo o jovem, os pais e o ortodoncista, evitando o uso prolongado de aparelhos, extrações dentárias sem indicação e sobrecarga desnecessária.
No final do tratamento de ortodôncia pré cirúrgica que é necessariamente diferente de um tratamento de ortodôncia que se destina a “ endireitar os dentes”-o paciente faz modelos em gesso das arcadas dentárias, fotografias e radiografias da face.
Estes elementos de estudo servem de base á preparação da cirurgia, através de uma simulação dos movimentos que o cirurgião vai executar; e também permitem fabricar uma férula cirúrgica, que é uma placa usada durante a operação e que vai guiar a concretização desses mesmos movimentos.
As intervenções são realizadas por via intra oral, não deixando cicatrizes visíveis.
O pós operatório é geralmente bem tolerado e o paciente pode ter alta ao 2º- 3º dia após a intervenção. Durante a 1ª semana, deverá manter-se de baixa, e fazer a medicação prescrita, repouso e gelo na face, massagem drenagem suave, além de dieta líquida e fria, que manterá até ás 4 semanas. Na 2ª semana pode reiniciar a sua vida normal.
Os aparelhos de ortodôncia continuam colocados até terminar a fase de contenção pós cirúrgica.